Olaa todos ^^
Como é costume, no final de cada período fazemos sempre uma reflexão individual acerca do trabalho realizado ao longo mesmo. E cá estou eu, pronta para vos dar a conhecer o balanço do nosso projecto neste terceiro e último período.
Para começar, este trabalho teve como objectivos sensibilizar a comunidade escolar para este tema; mostrar que o autismo é apenas uma forma especial de ser e perceber, ainda que não seja a mais habitual; e acima de tudo aprendermos nós próprias também, o que é de facto o autismo pois, depois da realização deste amplo projecto apercebemo-nos de que muita gente ainda não sabe o que é verdadeiramente o autismo.
Este terceiro período funcionou, por assim dizer, como um somatório de todos os outros contendo toda a informação teórica pesquisada no primeiro período, e todo o trabalho de campo investigado no segundo. Foi altura da “prova de fogo”, de mostrar tudo aquilo que tínhamos feito ao longo do ano lectivo.
Se acompanharam o blogue desde o início, decerto estão a par de todas as visitas que fizemos. Foram um ponto fulcral no nosso trabalho pois permitiram não só que alargássemos os nossos horizontes, mas também que contactássemos directamente com meninos autistas e com os especialistas que cuidam deles diariamente.
Deslocámo-nos a quatro lugares diferentes sendo eles a Escola de Vila Boim; a Escola E.B.I/I.J da Malagueira; o centro CADIN e o centro A.S.C.T.E. da Azaruja. Vimos de tudo nestas visitas, desde meninos com um leve grau de autismo (na escola da Malagueira, por exemplo) a meninos que nem sequer falavam, já com um grau de autismo mais pesado (essencialmente na escola de Vila Boim).
Eu, e agora falo por mim, depois de ter vivido a experiência de poder visitar/lidar com meninos autistas não abdico dela por nada deste mundo. Estas visitas proporcionaram-me momentos únicos que me marcaram muito a todos os níveis, aprendi coisas que nem o maior sábio do mundo me poderia explicar, foram mesmo visitas muito especiais.
Aprendi a dar valor a coisas tão pequeninas mas ao mesmo tempo tão profundas, aprendi que o que interessa é mesmo o presente pois não sabemos como vamos passar o dia de amanha; aprendi que muita gente ainda não ultrapassou alguns preconceitos, pois ser diferente não é sinónimo de exclusão; aprendi que o mundo é demasiado pequeno e que as nossas diferenças deveriam servir para nos unir e não o contrário; aprendi que felizes são aqueles que mesmo sendo diferentes desfrutam do que cada um tem de melhor e não aqueles que acham que são melhores. Penso que valeu a pena todo este esforço.
A forma como os especialistas lidaram connosco, a maneira com nos explicaram as coisas, a forma como os meninos nos receberam, tudo me fascinou.
Para poder mostrar toda esta informação trabalhada ao longo do ano lectivo decidimos realizar uma conferência destinada a toda a comunidade escolar e a todos os que nela estivessem interessados com o objectivo de passar a mensagem de sensibilização deste tema; e também uma “mini-conferência” à turma do Filipe, o menino autista da nossa escola, e aos seus professores com o objectivo de dar a conhecer o que é o autismo, de forma simplificada, para que todos os colegas e professores do Filipe possam perceber o porquê de determinados comportamentos, para que o Filipe não seja excluído nem mal tratado, o que acontece a muitos meninos devido à falta de informação e esclarecimento dos que os rodeiam.
Depois de quase terminado este extenso projecto é impossível não nos sentirmos imersas neste mundo do autismo, um mundo aqui mesmo ao lado, quase inexplorado, originando por isso ainda muitas incógnitas por parte da comunidade.
Este trabalho abriu-nos assim as portas para um mundo desconhecido em que nós tivemos apenas como função mostrar a todos que se nos unirmos somos mais fortes. Juntos tornar-nos-emos pessoas com saber e sem preconceitos para com as diferenças. Adorei fazer este trabalho, posso dizer que aprendi muito, não só sobre o autismo em si, mas também sobre a vida e a forma como a vivemos e aproveitamos, que por vezes não é a mais correcta. Cresci muito a nível pessoal, porque acho que depois de ver tudo aquilo que vimos era impossível que isso não acontecesse.
E assim termina toda esta longa caminhada com a certeza de que demos o nosso melhor para que a exclusão possa levar um ponto final e para que todos os meninos possam um dia viver autonomamente, e principalmente muito felizes.
E assim me despeço com melancolia de tudo terminar mas com o coração cheio de boas experiências e recordações que ninguém me poderá tirar!