sábado, 30 de maio de 2009

Junta-te a nós nesta luta que é de todos! <3


Olaa todos ^^


Como é costume, no final de cada período fazemos sempre uma reflexão individual acerca do trabalho realizado ao longo mesmo. E cá estou eu, pronta para vos dar a conhecer o balanço do nosso projecto neste terceiro e último período.
Para começar, este trabalho teve como objectivos sensibilizar a comunidade escolar para este tema; mostrar que o autismo é apenas uma forma especial de ser e perceber, ainda que não seja a mais habitual; e acima de tudo aprendermos nós próprias também, o que é de facto o autismo pois, depois da realização deste amplo projecto apercebemo-nos de que muita gente ainda não sabe o que é verdadeiramente o autismo.
Este terceiro período funcionou, por assim dizer, como um somatório de todos os outros contendo toda a informação teórica pesquisada no primeiro período, e todo o trabalho de campo investigado no segundo. Foi altura da “prova de fogo”, de mostrar tudo aquilo que tínhamos feito ao longo do ano lectivo.
Se acompanharam o blogue desde o início, decerto estão a par de todas as visitas que fizemos. Foram um ponto fulcral no nosso trabalho pois permitiram não só que alargássemos os nossos horizontes, mas também que contactássemos directamente com meninos autistas e com os especialistas que cuidam deles diariamente.
Deslocámo-nos a quatro lugares diferentes sendo eles a Escola de Vila Boim; a Escola E.B.I/I.J da Malagueira; o centro CADIN e o centro A.S.C.T.E. da Azaruja. Vimos de tudo nestas visitas, desde meninos com um leve grau de autismo (na escola da Malagueira, por exemplo) a meninos que nem sequer falavam, já com um grau de autismo mais pesado (essencialmente na escola de Vila Boim).
Eu, e agora falo por mim, depois de ter vivido a experiência de poder visitar/lidar com meninos autistas não abdico dela por nada deste mundo. Estas visitas proporcionaram-me momentos únicos que me marcaram muito a todos os níveis, aprendi coisas que nem o maior sábio do mundo me poderia explicar, foram mesmo visitas muito especiais.
Aprendi a dar valor a coisas tão pequeninas mas ao mesmo tempo tão profundas, aprendi que o que interessa é mesmo o presente pois não sabemos como vamos passar o dia de amanha; aprendi que muita gente ainda não ultrapassou alguns preconceitos, pois ser diferente não é sinónimo de exclusão; aprendi que o mundo é demasiado pequeno e que as nossas diferenças deveriam servir para nos unir e não o contrário; aprendi que felizes são aqueles que mesmo sendo diferentes desfrutam do que cada um tem de melhor e não aqueles que acham que são melhores. Penso que valeu a pena todo este esforço.
A forma como os especialistas lidaram connosco, a maneira com nos explicaram as coisas, a forma como os meninos nos receberam, tudo me fascinou.
Para poder mostrar toda esta informação trabalhada ao longo do ano lectivo decidimos realizar uma conferência destinada a toda a comunidade escolar e a todos os que nela estivessem interessados com o objectivo de passar a mensagem de sensibilização deste tema; e também uma “mini-conferência” à turma do Filipe, o menino autista da nossa escola, e aos seus professores com o objectivo de dar a conhecer o que é o autismo, de forma simplificada, para que todos os colegas e professores do Filipe possam perceber o porquê de determinados comportamentos, para que o Filipe não seja excluído nem mal tratado, o que acontece a muitos meninos devido à falta de informação e esclarecimento dos que os rodeiam.
Depois de quase terminado este extenso projecto é impossível não nos sentirmos imersas neste mundo do autismo, um mundo aqui mesmo ao lado, quase inexplorado, originando por isso ainda muitas incógnitas por parte da comunidade.
Este trabalho abriu-nos assim as portas para um mundo desconhecido em que nós tivemos apenas como função mostrar a todos que se nos unirmos somos mais fortes. Juntos tornar-nos-emos pessoas com saber e sem preconceitos para com as diferenças. Adorei fazer este trabalho, posso dizer que aprendi muito, não só sobre o autismo em si, mas também sobre a vida e a forma como a vivemos e aproveitamos, que por vezes não é a mais correcta. Cresci muito a nível pessoal, porque acho que depois de ver tudo aquilo que vimos era impossível que isso não acontecesse.
E assim termina toda esta longa caminhada com a certeza de que demos o nosso melhor para que a exclusão possa levar um ponto final e para que todos os meninos possam um dia viver autonomamente, e principalmente muito felizes.
E assim me despeço com melancolia de tudo terminar mas com o coração cheio de boas experiências e recordações que ninguém me poderá tirar!

sexta-feira, 20 de março de 2009

"Não têm os teus olhos, mas têm o teu olhar"...

Olá a todos =)

Cá estou eu de volta para mais novidades! Já finalizámos mais um período e com ele novas novidades chegaram. Para além de continuarmos numa pesquisa intensiva para a realização do suporte escrito do projecto final, iniciámos a parte mais empolgante do projecto, o trabalho de campo. Estabelecemos contactos com diversas escolas e instituições com o propósito de contactarmos directamente com diferentes graus de autismo, podendo assim fazer uma comparação entre elas.
A primeira escola a ser visitada foi a Escola Básica Integrada de Vila Boim. Desde funcionárias a professoras, não podíamos ter sido melhor recebidas. Deram-nos toda a atenção que precisámos e até nos autorizaram a visitar a sala TECCH, que era um dos nossos principais objectivos, mas sabíamos que era aquele que mais complicado seria cumprir. A sala era constituída por diversos gabinetes individuais e ali tudo era programado, a cada hora, a cada minuto, a cada segundo do tempo, tudo calculado até ao ínfimo pormenor. A nossa presença tornava-se incomodativa para aqueles meninos pois para eles éramos apenas umas “intrusas”, alguém estranho que eles não estavam habituados a ver e que alterava, de certa forma, a rotina habitual, cheia de regras que todos eles levavam. Assistimos a diversas actividades que nos fizeram perceber que os meninos ali presentes são muito especiais e que acima de tudo precisavam de carinho e muita atenção.
Além da visita a Vila Boim, deslocámo-nos ainda à Escola da Malagueira, onde contactámos com dois meninos com graus de autismo menos acentuados. Fomos igualmente bem recebidas por todos.
Ao início ficaram um pouco apreensivos, mas depois até conseguimos que falassem connosco. Era notório o diferente grau de autismo destes meninos comparados com os visitados em Vila Boim.
Visitámos ainda os meninos do jardim-de-infância mas não contactámos com eles pois os pais ainda não se conseguiram “libertar” dos preconceitos da sociedade e não os querem expor.
Estas duas escolas foram um marco no nosso trabalho, não só por serem as primeiras com as quais tivemos a oportunidade de contactar, mas também porque através delas pudemos perceber as diferenças existentes entre os diversos graus de autismo.
Penso que tenha sido importante para todas nós contactar com os meninos pois, ainda que tivesse sido pouco tempo, o bocadinho que estivemos com eles serviu para percebermos a verdadeira essência de muitas coisas. Não interessa se temos, ou não aquele casaco que está na moda, as botas de pele que tanto gostávamos ou aquelas calças de ganga que andamos a querer há tanto tempo. Interessa sim ter um amigo que nos oiça quando precisamos, aquela vizinha que nos dá sempre bons concelhos, ou a família que nos dá todo o carinho e amor que precisamos. Para eles, o principal objectivo é que as pessoas os aceitem tal como são, “deixando-os” integrar a sociedade, que é de todos, mas não é de ninguém.
Para além de tudo isto fizemos ainda uma entrevista à professora Isabel, a professora do Filipe, que é o menino autista da nossa escola, à Dona Maria do Rosário, a funcionária que o acompanha durante o intervalo e nas horas de almoço, e inclusive ao Filipe, que se mostrou bastante à vontade e muito interessado em explicar-nos como é a sua rotina diária, tanto na escola como em casa. Todos foram bastante simpáticos e prestáveis auxiliando-nos no desenvolvimento do nosso trabalho e tornando-o cada vez mais completo e autêntico.
Para complementar o nosso trabalho vamos também realizar duas conferências, uma para os adultos e outra para os mais novos. Sentimos a necessidade de fazer duas conferências para as diferentes faixas etárias pois os adultos, na generalidade, são quem mais dificulta o “trabalho dos meninos autistas” de inclusão na sociedade; e os mais novos pensámos que podia ser útil para eles uma vez que são colegas do Filipe, e por vezes não sabem como agir em algumas situações.
Mas nem tudo são rosas… Também já nos deparámos com algumas dificuldades, como em tudo na vida. Por exemplo, em visitar algumas escolas pois o transporte é sempre, ou quase sempre, um entrave e também é complicado ajustar o nosso horário com o dos meninos. Às vezes temos mesmo que faltar a algumas aulinhas para podermos ir.
Tirando estas pequenas complicações, tudo o resto tem sido fantástico. As professoras e encarregadas com quem temos tido o privilegio de contactar, os meninos… Têm sido sempre pessoas bastante simpáticas, o que nos facilita muito o nosso trabalho e nos dá muito gozo de fazer.
Temos ainda mais duas visitas agendadas, nomeadamente à Azaruja e ao CADIN. Vamos deslocar-nos ao CADIN amanhã para podermos esclarecer algumas das nossas duvidas, ver o espaço, e se possível, contactar com os meninos.
Temos também mantido contacto com uma família que tem um menino autista. Têm sido assim qualquer coisa de fantástico, são bastante prestáveis e deixaram-nos desde logo muito à vontade para pedirmos aquilo que fosse necessário para o nosso trabalho.
Aproveito para deixar aqui um enorme OBRIGADO a todos aqueles que têm feito com que o nosso trabalho seja possível; a todos os que se disponibilizam com toda a sabedoria que têm para nos contar; a todos os que nos mostram que a cada dia que passa é preciso ultrapassar pequenas barreiras e que são elas que nos fazem aquilo que somos; a todos aqueles que nos provam que “SER DIFERENTE É NORMAL”.
Foi um período muito trabalhoso, mas ao mesmo tempo muito gratificante pois todo o esforço valeu a pena. À medida que vamos desenvolvendo e conhecendo melhor este “Mundo” é complicado querer “deixá-lo”. É óptimo conhecer pessoas que tal como nós, só querem ser felizes… se as deixarem!
Acho que todos nós merecemos uma oportunidade, vamos dar-lhes a que eles, autistas merecem ;)


Milhares de crianças no Mundo precisam de ajuda, os autistas apenas precisam do teu respeito, carinho e compreensão! AJUDA-OS nesta luta contra a INDIFERENÇA E EXCLUSÃO!


*Beijinhos saudosos, e boas férias ;)
Marília =)